quinta-feira, julho 31, 2008

Kemopetrol - Child Is My Name

Ao contrário do que se possa pensar, ninguém me paga para em andar por aqui a falar de bandas e de músicas.
Simplesmente quero despertar novos prazeres, para aqueles que aqui vêem ler, as coisas que para aqui ponho.
Video excelente, música soberba e uma rapariga bonita, é o que basta para alegrar um pouco o dia chuvoso (exteriormente e interiormente).

Valete Frates

quarta-feira, julho 30, 2008

Música do mês

Revisitando uma artista que já passou por aqui, encontrei esta música brilhante. Falo de Nina Simone.
Uma verdadeira senhora da música "clássica negra". A letra desta canção é algo com que qualquer um se pode identificar. Espero que gostem tanto como eu.

Nina Simone - Don't Let Me Be Misunderstood

Baby you understand me now
If sometimes you see I’m mad
Doncha know that no one alive can always be an angel?
When everything goes wrong you see some bad

Well I’m just a soul whose intentions are good
Oh lord, please don’t let me be misunderstood

Ya know sometimes baby I’m so care free
With a joy that’s hard to hide
Then sometimes it seems again that all I have is worry
And then you burn to see my other side

But I’m just a soul whose intentions are good
Oh lord, please don’t let me be misunderstood

If I seem edgy
I want you to know
I never meant to take it out on you
Life has it’s problems
And I get more than my share
But that’s me one thing I never mean to do

Cos I love you
Oh baby
I’m just human
Don’t you know I have faults like anyone?
Sometimes I find myself alone regretting
Some little foolish thing
Some simple thing that I’ve done

I’m just a soul whose intentions are good
Oh lord, please don’t let me be misunderstood

I try so hard
So don’t let me be misunderstood

E como bónus este mês fica o vídeo, com um teor racial, que sempre nos serve para nos lembrarmos de algumas coisas que se passaram.

Valete Frates

sexta-feira, julho 18, 2008

OZ - Omar White - I wanna be free

Súplica, redenção, vício, é o que a personagem de Omar White representa. A procura de um propósito para simplesmente ser. Pena que seja quase sempre nos lugares errados.
Mas como lhe custa, e quando consegue derrotar os seus demónios interiores, eis que os homens tratam de lhe colocar mais um obstáculo no caminho. Será talvez a metáfora para a vida de alguns a de Omar White dentro da cadeia. Talvez não seja o carcére a sua verdadeira prisão, talvez ele deseje a liberdade de ser quem é, contra as pressões e razões de outrém.
Este é para mim um dos melhores momentos da série. O único momento em que ele manda tudo para o caralho e fica no cimo dos muros da prisão.
Valete Frates

segunda-feira, julho 14, 2008

Sam Sparro - Black and Gold

O verão apela-me aos sons electrónicos, e com a breca eu vou na onda.
Disco altamente recomendavel, o deste jovem, para quem gosta deste tipo de sonoridades.
Parece que o rapaz tem ascendencia portuguesa, pode ser que facilite a visita dele cá. Aliás ele já teve cá, na casa de toda a electrónica, o Lux. Como sempre tudo para Lisboa, mas isso é tema para outras discussões.
Fica mais um belíssimo vídeo.


Valete Frates

terça-feira, julho 08, 2008

Scarlett Johansson - Falling Down

Recentemente a Scarlett gravou um disco. Um albúm de versões, de músicas do Sr. Tom Waits. Como sou um aficionado tanto da Scarlett como do Tom Waits, estava à espera de ver o resultado final. Ainda mais ansioso fiquei quando ouvi a voz dela rouca e agradável em duas músicas, não relacionadas com o disco.
Todavia quando o ouvi fiquei perplexo, não era nada do esperado. A voz tornou-se um bocado impessoal e distante, e o disco é banal. Não é mau de todo, mas está muito longe de ser algo especial. É pena pois a voz dela tem um timbre especial e poderia ser melhor aproveitada.
Bem salvam-se músicas como esta, que com a ajudinha de um convidado muito especial (David Bowie), até é bem porreira.

Scarlett Johansson - Falling Down

Valete Frates

segunda-feira, julho 07, 2008

A história do Lobo Solitário (I)

Esta história encontra-se perdida à partida. Perdida no tempo e no espaço, encontrada apenas numa dimensão onde chega a imaginação humana. Não me recordo da história toda, mas como quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto, eu vou acrescentando alguns pelo caminho.

Antes do Tempo ser Tempo existia uma floresta. Tinha o nome de Nair.
Nela existiam coisas que ainda hoje vemos nas nossas florestas, e coisas hoje extintas mas que ficaram impregnadas no nosso subconsciente e que por vezes conseguimos ter um vislumbre nos nossos sonhos.
Plantas filosóficas, animais mitológicos, matéria inanimada pensante e movediça. Nair era um local onde a noite era mais luminosa que o nosso dia. Aliás era o local mais luminoso e precioso que o Divino havia retirado da sua mente e passado para papel.
No início tudo era bom, todos dispunham de liberdade para fazer aquilo que achavam conveniente, de passar o tempo fazendo aquilo que entendiam. Era o Paraíso.
Mas como tudo vivia em paz e harmonia, ninguém prestava muita atenção ao Divino. Ele entendeu então que faltava algo naquela sua pérola vinda do seu pensamento, percebeu que não conseguia estar apenas no lugar de passageiro, calado e observando. Precisava de algo com quem conversar, algo para expor os seus pensamentos e ideias se assim podemos chamar aos pícaros da criação.
O Divino decidiu criar dois lobos, e a estes deu-lhes qualidades que não havia dado a mais nenhum ser daquela floresta. Deu-lhes o nome de Igor e Ieda. Deu-lhes também uma alcateia, para estes não se sentirem sozinhos assim como outrora se sentiu o Divino.
Fisicamente Igor era totalmente negro, um negro absoluto, imenso e profundo parecido com a cor de um buraco negro. Ieda, por ser lado, vestia uma pelugem lilás, suave e densa como uma imensa cortina de veludo. Ambos tinham os olhos brancos e baços devido à sua fé que emanavam pelo Divino.
Foi dada a Igor a missão de coordenar aquele mundo e o defender de si próprio. No fundo Igor era a imagem sempre presente do Divino, quando ele partia para explorar novos pensamentos. A Ieda foi dada a tarefa de espalhar amor e carinho pela floresta, pois o Divino, aquando da criação de Nair, esqueceu-se de dar sentimentos às suas criações. Um pouco à imagem do homem de lata do Feiticeiro de Oz.
Ieda cumpriu com o que lhe foi pedido e espalhou por Nair estes belos sentimentos. Só que como os seres não estavam habituados a sentir começaram a fazer aquilo que faziam até então. Começaram a racionalizar os seus sentimentos. Ora isto deu origem a um novo espectro do sentir. Começou a surgir entre pequenos grupos dispersos pela floresta outros sentimentos como a inveja, a cobiça…Certos seres mais fortes que outros começaram a tirar os pertences de outrem, e assim a apareceu o medo e a tristeza. E como uma bola de neve uns foram dando origem a outros.Todavia Igor prontamente pôs cobro a isso, fazendo ver a esses pequenos grupos, o quanto errada era a sua conduta. Os seres ouvindo as palavras sábias de Igor e confrontados com as consequências dos seus actos, voltaram ao normal e tudo ficou perdoado. Todos passaram a admirar Igor e a respeitá-lo, considerando-o tão sábio como o Divino. O Divino sabendo disto ficou feliz e vendo que a sua presença não seria tão necessária poderia ter tempo para se dedicar a outros “projectos”. A humildade com que Igor olhava para o Divino dava-lhe a confiança necessária para o deixar governar Nair e continuar a conversar com ele sempre que precisava de companhia.

Valete Frates

domingo, julho 06, 2008

Linguagem Gestual

Por vezes perco-me a olhar para as minhas mãos. Completamente parado no tempo e no espaço, especado a olhar para elas.
Umas vezes parecem-me grandes e finas, outras vezes pequenas e inchadas, umas vezes vermelhas, ou pálidas como a neve. Sinto-lhes o sangue a correr por dentro das veias que vejo à flor da pele. Tenho quase constantemente as mãos geladas e suadas.E depois divago...
Será possível representar pessoas e relações através das posições das nossas mãos?
Isso já o fazemos um bocado, mas penso que achei um teorema curioso para expôr certos conceitos da condição humana. Por favor tentem seguir o raciocínio.
Eu vejo-me a mim próprio como um punho esquerdo fechado, enclausurado dentro de si mesmo, sofrendo pela própria força que faz com as unhas para se fechar e disposto a esticar-se sempre que se sente ameaçado.
Em contrapartida conheço pessoas que a palma está completamente aberta e exposta para todo o mundo ver. A mão quase que nos é empurrada pelos olhos a dentro. Nela conseguimos ver as cicatrizes do passado, os calos (ou falta deles) do presente e com alguma segurança seguir as linhas do futuro e prever o dia de amanhã.
Um outro exemplo são aqueles que mantêm a palma da mão aberta para cima, como pedintes. Implorando que alguma outra mão lhes deixe cair alguma esmola ou que lhe caia algo do céu. Em contra-senso com estes temos aqueles que viram a palma para baixo escondendo dos seus superiores o seu interior mas sempre dispostos a bater nos que estão abaixo, muito à forma da saudação nazi.
E depois destas ideias sobre mãos, vêm a forma com elas se relacionam. As nossas relações com os outros e a razão pela qual elas não funcionam. Passo a dar alguns exemplos.
Imaginemos duas mãos fechadas que se relacionavam muito bem e que se abrem uma para a outra, só que enquanto uma procura felicidade mundana e alegria, no fundo a realidade (representada pela mão direita), a outra não sabe o que procura, perde-se em idealismos, sonhos e ideias vanguardistas (representada pela mão esquerda). Por muito que se queram juntar nunca será possível, pois procuram coisas diferentes da vida.
Outro caso possível de ver são duas mãos iguais, que na teoria deviam funcionar correctamente mas quando abertas uma perante a outra é como um espelho, e aquilo que vemos não é exactamente aquilo que gostamos e com o tempo torna-se impossível um aperto de mão sequer.
Como podem ver é bastante complicado encontrar a combinação certa, assim também é encontrar a companhia certa.
Mas à mãos com sorte que encontram a parceira que as satisfaz, com carinho e devoção. Mas é aí que normalmente deitamos tudo a perder, e é aí que criamos os remorsos para o resto da vida. É no momento em que decidimos andar de mão dada, sufocando e amordaçando a mão nossa parceira. Esquecemo-nos que é mais importante interlaçar os dedos no escuro, do que andar pela rua mostrando a todos o quanto efémera e banal é a nossa companhia.
Não sei se consegui demonstrar o sentido do pensamento que por vezes tenho na minha mente quando olho para as minhas mãos, infelizmente não sei linguagem gestual.
Valete Frates