sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Um dia de romance

Para mim a Terra está apaixonada pelo Sol mas como é um pouco envergonhada e faz-se um bocado de díficil, de 12 em 12 horas vai virando a cara ao lado, para que o Sol não se aperceba da forma como a Terra está sempre olhando para ele.
Contudo a paixão da Terra é demasiado grande para ser escondida e ela está sempre devolta do Sol, sempre ás voltas à espera que este repare nela e se apaixone por ela, essa volta demora sempre mais ou menos 365 dias e 4 horas, mais segundo menos segundo.
Nessas 4 horas como toda a gente sabe, são aquelas horas em que a Terra fica olhando para a Lua, como se ela soubesse a resposta de tamanha paixão (assim como nós fazemos).
Sabe-se também que ao fim de 4 anos, dá origem a mais um dia, o dia de hoje, 29 de Fevereiro. Acho bem o facto de esse dia ter sido atribuido a Fevereiro, que tem normalmente apenas 28 dias. Tal se deve ao facto de não ser sindicalizado, como o resto dos meses.
Mas isso já não interessa nada, o que interessa é que acho que este dia devia ser festejado a um nível especial, e não deve ser como todos os outros.
Porque na realidade o Sol gosta mesmo mais da Terra, do que todos os outros planetas que giram à sua volta à espera de apanhar a sua atenção.
Eu digo isto porque a Terra foi o único planeta que o Sol fertilizou com vida. Portanto parece-me lógico que seja o planeta da sua adoração.
Por isso acho que este devia ser o Dia Mundial do Romance entre a Terra e o Sol, pois da relação que ambos têm, coisas maravilhosas se formaram. Um dia de celebração mundial, onde ninguém trabalha-se e desse graças à fantástica probabilidade a nível universal de estar vivo.
É claro que isto não passa de uma utopia, e este dia acabou por ser tão estúpido como todos os outros e não deixa de demonstrar a completa falta de bom-gosto que a humanidade tem perante a união que nos permitiu existir.
Mas pelo menos para mim este dia terá agora um gosto especial, no qual vocês estão convidados a celebrar.
Valete Frates

Foto #2


"I wanted to be with you alone
And talk about the weather"
Tears for Fears - Head over heels
Valete Frates

terça-feira, fevereiro 26, 2008

A melhor invenção da humanidade

As crianças são mesmo a melhor coisa do mundo. Tudo o que pensam é dotado de uma simples todavia filosófica maneira de pensar. Estão sem dúvida num patamar superior, embora muitos deles ainda não consigam apertar os cordões das sapatilhas.
Digo isto porque num destes últimos dias enquanto estava sem nada para fazer, eis que irrompe pelo quarto a minha pessoa favorita na faixa etária dos 35 kg (é que para ele a maturidade vê-se no peso, e talvez tenha razão porque a idade está mais que visto que é uma forma bastante enganadora de medir a maturidade), e pede-me uma folha de papel para fazer um desenho e lápis de cor.
Ora a minha fase dos lápis de cor já passou à algum tempo, mas claro que dispensava uma folha de papel, para tal ilustre pessoa.
Todavia a minha curiosidade impeliu-me a perguntar-lhe como pretendia ele pintar se não tinha lápis de cor?
A resposta foi:"O mais importante é ter papel, pois com o papel posso desenhar e fazer tudo aquilo que eu quiser."
E assim foi que eu reparei que a melhor invenção de todos os tempos da humanidade foi o papel. Senão vejamos: o papel é onde pomos em prática toda a imaginação do ser humano, em todas as suas vertentes e variações.
É onde planeamos grandes projectos que estreitam as relações entre todos nós (pontes, estradas, telefones, carros, casas...), é onde nos lembramos de tudo aquilo que o cérebro não consegue recordar, é onde exprimimos tudo aquilo que nos vai na alma, seja através da uma tela de um pintor, a partitura de um músico, as páginas com as estrofes de um poeta, até no papel fotográfico que alguém revelou. É no papel que assinamos compromissos, somos avaliados, fazemos juras, apagamos erros, sabemos o que se passa pelo mundo, registamos as nossas vidas...
Porra!! É com o papel que obtemos tudo aquilo que é ou não necessário à nossa vida.
Mesmo na época do digital, dos computadores, dos bits, dos bytes, das memórias ROM intermináveis, da fibra óptica, dos autómatos, etc; precisamos sempre do papel para salvaguardar tudo isso.
O papel é o significado máximo do potencial humano nesta altura da história, e continuará a ser pelo menos até a telepatia ser completamente dominada por nós.
Do mais simples avião que diverte e estímula a imaginação de gerações de crianças, até às pinturas mais expressivas de El Greco e surrealistas de Salvador Dali, o papel é a imaginação humana tornada realidade dentro do que a realidade nos permite.
Inveja de pensar que uma criança conseguiu ver isto tudo numa simples frase...
Valete Frates

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Foto #1


"Well maybe God himself is lost and needs help,
Maybe God himself he needs all of our help,
And he's lost upon the road to peace..."
Road to Peace - Tom Waits
Valete Frates

domingo, fevereiro 24, 2008

Fotos com pensamentos

Hoje estive a falar com uma pessoa com a qual simplesmente adoro conversar. Muitas pessoas exercem fascínio sobre mim, mas como naquela fala do Kill Bill: ela é das minhas pessoas favoritas. Em certos aspectos faz-me lembrar um gueixa, tão simples e delicada e todavia com uma força interior e preseverança que nem sei se ela própria já se apercebeu que contém.
Ela vive na linha que separa a cultura pop, dos pensamentos mais profundos e inatos do ser humano. Com maior ou menor dificuldade ela manteve-se nesse lugar, e agora posso dizer que caminha para se tornar numa das melhores acrobatas do mundo.
Mas vamos parar com os elogios que ela começa a corar e a ficar sem jeito quando começar a ler isto e vamos ao que interessa.
Hoje enquanto falava com ela pela internet (coisa que começo a abominar cada vez mais, é que não sei porquê mas tenho a sensação que ela tem algum medo de falar comigo face-a-face) sobre nada em especial ela falou-me que estava a ler um livro muito light que misturava música e literatura, para transmitir a sua mensagem.
Ora isto deu-me uma ideia para adicionar uma rúbrica aqui ao blog. Misturar uma fotografia com uma frase retirada de uma canção qualquer que eu ache que descreve a figura. Provavelmente irão sair coisas muito abstractas, mas considero o conceito deveras interessante. Imagem e letras são algo com que qualquer pessoa se pode identificar.
Esperem novos desenvolvimentos....
Valete Frates

P.S.: A foto é mesmo uma indirecta, não sei é se te recordarás.

Mudar

Cuba é um país parecido com o nosso. Com mais ou menos o mesmo território e número populacional, as suas riquezas são o turismo, e alguns recursos naturais, tabaco e rum, que devido ao embargo estão proibidos de exportar. O povo lá vive bem pior que nós, têm a comida racionada, assim como o seu rendimento, vivem sobre um estado ditaturial há 40 anos governados pela dinastia de um só homem.
Este era o panorama até há bem pouco tempo, mas agora que Fidel abdicou do poder o mundo ocidental sustém a respiração. Todos esperam para ver o que vai acontecer a seguir.
Na verdade o melhor e maior recurso natural de Cuba são os seres humanos que lá nascem. São uma população com niveis académicos excepcionais, e com alguns dos melhores especialistas no ramo da saúde e investigação.
No fundo tornaram-se fortes naquilo que todos os países desenvolvidos têm graves problemas, Saúde e Educação, e havendo estas duas coisas uma nação é praticamente inabalavel. No fundo um estado ditaturial serve de exemplo para o mundo. Certa vez perguntaram a Fidel o que seria de Cuba depois da sua morte, ele disse:
"Deixo um potencial humano como mais nenhum país do mundo tem."
Os números nem em todos os casos fazem valer a sua força. Para contraste com este exemplo de Cuba vamos pegar na China.
A China ao contrário do seu grande irmão comunista a Rússia, está a produzir uma revolução económica, e só depois virá a revolução social. A Rússia com a perestroika, concedeu demasiadas liberdades a um povo que nunca tivera liberdade alguma na vida. Os resultados estão à vista:
A Rússia é um país que tenta fugir à bancarrota, e destruir a verdadeira economia paralela que se tornou o seu crime organizado, a China por seu lado devido ao seu impressionante número de mão de obra está-se a desenvolver economicamente como nunca nenhum país na história o fez. Todavia é um país que não respeita os direitos humanos, onde os trabalhores são quase escravos. Na China o seu próprio desenvolvimento exponencial está a revelar-se a sua própria destruição, já se notam os efeitos no ecossistema de toda esta revolução, a extrema pobreza conduz à doença de grande parte da população, que ameaça espalhar o seu manto de morte pelo resto do mundo.
Que preço pagará a China, que preço pagará o mundo pelo desenvolvimento deste país?
E agora para a parte das comparações, qual será mais forte?
Os números astronómicos do povo Chinês, ou a capacidade mental e física do povo cubano?
Qual destes modelos prevalecerá no futuro?
Quanto a vocês não sei, mas o meu voto vai para Cuba. Cuba poderá ser a personificação do 5º Império defendido por Fernando Pessoa, e no qual eu acredito com bastante convicção. Acredito que algum dia aparecerá um país com o modo de viver e de estar na vida que servirá de exemplo para todos os outros, criará no fundo um império moral.
Para o caso de Cuba falta o desejado, esse ser que os libertará da ditadura e concretizará todo o seu potencial aprisionado há anos.
Por último olhemos para nós, para o nosso país, nós não necessitamos de um só homem, precisamos que todo um povo acorde para essa mesma realidade, precisamos que todo um povo abra os olhos e perceba que as coisas têm que ser mudadas. Não falo de mudanças governamentais pois isso já está mais que provado que nada resolve, e nada resolve porque somos nós que temos que mudar em primeiro lugar, cada um dos 10 milhões de portugueses tem que olhar para dentro de si mesmo e tentar mudar a sua forma de ser e de abordar a vida, no fundo criar as suas leis, ter ânsia pelo conhecimento, amar e respeitar o próximo. E quando tudo isso tiver sido feito aí vamos exigir, e exigir como nunca ao nosso governo, aos nossos politicos, à justiça...
Claro que eu estou a simplificar muito pensam vocês, e na verdade estou, mas também não deixa de tal "utopia" ser possivél e palpavél.
O Mário Soares disse certa vez:"Viver em democracia não é a forma mais correcta para estar na vida, simplesmente é a melhor de entre todas as outras.
Tenho tanto mais para dizer, tanto mais que gostaria de debater...

Valete Frates

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Prioridades

Este vídeo tem uma intensidade visual enorme portanto tinha que ter mais tarde ou mais cedo um cantinho neste blog.

Leonard Cohen - First we take Manhattan


Valete Frates

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Eu tenho as pequenas coisas

Sinceramente, a minha ideia sobre o Dia dos Namorados, é que não passa de uma verdadeira paneleirice. Serve bem para os grunhos e os azeiteiros, que faltando ideias para impressionar "a sua babe", ou vão àquelas lojas de presentes e compram o urso de peluche mais palermoide que encontrarem, ou pedem aos amigos para lhe derem ideias para mandar uma mensagem de "amori".
Nada teria contra este dia, se este dia fosse o zénite do bom gosto e da originaliade da forma que escolhemos para demonstrar o nosso amor. Agora ver as prateleiras a encher-se de ursos, que esperam que ursos maiores os comprem...por favor...
Bem, mas como nada nos dias de hoje é significado de bom gosto, resta-me tentar remar contra a maré. Aliás se tudo fosse como nós queremos a vida perdia todo o gozo. Sabe tão bem estar "errado" quando tudo mais está "certo".
Vou deixar aqui uma letra de uma música, que acho belíssima, de forma a dar um pontapé neste ninho de parvalheira e para que todos possam desfrutar.
A minha mensagem vai para aqueles que pedem perdão por ainda não se terem apercebido da sorte que têm. Acordem depressa antes que seja tarde demais.

Jeff Buckley - Lover you should come over

Looking out the door
I see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations
As their shoes fill up with water

Maybe I'm too young
To keep good love from going wrong
But tonight, you're on my mind so
You never know

Broken down and hungry for your love
With no way to feed it
Where are you tonight?
Child, you know how much I need it.
Too young to hold on
And too old to just break free and run

Sometimes a man gets carried away,
When he feels like he should be having his fun
Much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that, really,
He has no-one...

So I'll wait for you...
And I'll burn
Will I ever see your sweet return?
Oh, will I ever learn?
Oh, Lover, you should've come over
Cause it's not too late.

Lonely is the room the bed is made
The open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one
Who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep
That won't ever come
It's never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles when I slept so soft against her...
It's never over, all my blood for the sweetness of her laughter...
It's never over, she's a tear that hangs inside my soul forever...

But maybe I'm just too young to keep good love
From going wrong
Oh... lover you should've come over...

Yes, and I feel too young to hold on
I'm much too old to break free and run
Too deaf, dumb, and blind
To see the damage I've done
Sweet lover, you should've come over
Oh, love, well I'll wait for you
Lover, you should've come over
'Cause it's not too late.

Valete Frates

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Corrente eléctrica

A corrente electrica consiste no movimento ordenado de electrões. Mas o que fascina na corrente electrica é a forma como a representamos.
Antes de o electrão ser descoberto experimentalmente definiu-se que o fenómeno da corrente sairia sempre do pólo positivo de uma dada fonte para o pólo negativo dessa mesma fonte. Ora após a descoberta da carga elementar negativa verificou-se que a conveção anterior estava errada porque acontecia exactamente o contrário. E a agora vem a parte interessante, ao invés de alterar para sempre a convenção que determinava o sentido geral da corrente, não continuamos a aceitar a convenção errada que perdura até aos nossos dias. A explicação dada para tal facto refere que seria mais simples manter a ideia errada, do que alterar tudo o que foi feito até então.
Do ponto de vista prático isto não influência em nada os trabalhos eléctricos ou electrónicos, mas não consigo de deixar de pensar que toda a tecnologia que temos hoje inclui um "erro" tão básico. Moral da história: a vontade de simplificar nem sempre está 100% certa, nem sempre o mais simples é necessáriamente o mais correcto. Claro que o mundo continua a "girar" com os nossos enganos, mas vamos ter um pouco mais de discernimento e ver que na realidade nunca sabemos se algo que irá acontecer no futuro atirará por terra todas as nossas ideias. Devemos manter uma mente aberta para alterar as nossas próprias convenções, e não nos amarrarmos a tradições estúpidas que nos empedem de evoluir. E por último se um dia, alguém provar que as nossas ideias estão erradas sejamos homens suficientes para dar o braço a torcer à realidade por muito que isso nos custe.
Quem sabe? Talvez esta nossa convenção, este nosso viver na mentira seja o que nos empede de descobrir novas coisas? Bem acho isso pouco provável, mas quem sabe?

Valete Frates

sábado, fevereiro 02, 2008

Sem assunto...

Não tenho nada de especial para dizer só queria deixar esta foto.

Festival de Cannes 1953, Kirk Douglas e Brigitte Bardot.

Valete Frates