quarta-feira, novembro 29, 2006

A música do mês

Cá está, a música de Novembro.
Até se adequa ao mês uma vez que este foi muito ventoso e tempestuoso.
Mas esta música nada tem a ver com isso, pois o vento é doce e amigo, é caso como uma daquelas míticas brisas de verão.
Este vento conta histórias, e chora por pessoas do nosso passado.
A música essa fica a cargo de Jimmy Hendrix,e como não há adjectivos na nossa língua para poder descrevê-lo, passemos à letra:

Jimmy Hendrix - The wind cries Mary

After all the jacks are in their boxes and the clowns have all gone to bed
You can hear happiness staggering on down the street
Footprints dressed in red
And the wind whispers Mary

A broom is drearily sweeping up the broken pieces of yesterdays life
Somewhere a queen is weeping somewhere a king has no wife
And the wind it cries mary

The traffic lights they turn of blue tomorrow
And shine their emptiness down on my bed
The tiny island sails downstream cause the life that lived is is dead
And the wind screams Mary

Will the wind ever remember the names it has blown in the past
And with this crutch its old age and its wisdom
It whispers no this will be the last
And the wind cries Mary

Valete Frates

sábado, novembro 25, 2006

Danças com Lobos

Danças com lobos à volta da fogueira...

No texto anterior dizia que nos deviamos orgulhar daquilo que somos, mas também quando achamos que petencemos a outro lugar, devemos agarrarmo-nos com tudo para tentar pertencer a esse local. O nacionalismo é estarmos onde pertencemos e onde nos sentimos bem.
Dito isto, do filme «Danças com lobos», John Dunbar dançando à volta da fogueira como se um índio fosse...

O meu país...


Nacionalidade...
A minha é portuguesa, e tenho muito orgulho em ser português.
Como devemos ter independentemente do país onde nascemos. Qualquer que seja o território deliitado em que nascemos devemos ter orgulho nas suas histórias, feitos, do seu passado, e do seu presente.
Aqui está o problema dos portugueses não admirarem a sua nacionalidade. Desconhecemos profundamente o nosso passado, e tomamos como adquirido que o presente vai ser mau, pois não possuimos segurança em nós mesmos para prosseguir com as nossas vidas.
Sofremos de uma grande falta de educação. Nunca nos ensinaram o que é ser português, e nós nunca nos importamos eu saber o que é. Por isso dizemos que Portugal não presta, que o povo português é fraco, débil, sem garra nem entusiasmo...Morte a quem refere tais palavras!!!
Temos dois países: O "este país", e o nosso país.
No "este país", tudo é cinzento, os politícos pintam o quadro da cor que querem, ouvimos as maiores barbaridades saídas das bocas das pessoas que nos deviam guiar. Há mau-estar que é criado por aqueles que deviam estar a servir o país, mas que na verdade estão a servir-se dele para alimentar a sua ambição. Em "este país" temos que importar tudo, comida, energia, pessoas, métodos, leis... mas as pessoas que cá chegam são sempre a mais, e segundo parece vêm tirar o trabalho aos nativos do "este país". Isto causa que a população de "este país" se insurjam contra os imigrantes que tentam a sua sorte na vida. Criam-se movimentos para os explusar, e para lhes fazer mal. E surgem jovens ricos que não têm ideias definidas na cabeça, têm apenas um ideal que foi destruído à 60 anos. E esta insurgência dos putos ricos causa, mau-estar em alguns imigrantes, que depois de terem lutado tanto, não tiveram tempo para educar os seus filhos. E estes filhos duma nova prátia que sem educação (que devia ser dada pelo "este país"), e valores se perdem numa vida que os seus pais tanto se esforçaram por lhes oferecer neste novo país.
Falo dos emigrantes africanos que habitam as nossas metrópoles (e não só), que não se identificam com a nossa cultura mesmo sendo eles "este pasíanos" de nascença (cá está a prova que não conseguimos educar o nosso povo). Estes emigrantes com pouco na cabeça, menos ainda na carteira, e também com muito pouco respeito, assombram os nativos, assaltam-lhes as casas e as bombas de gasolina, enchem as ruas com droga. Mas como nem todos estes novos portugueses se metem numa vida de crime, alguns saem para a rua e difundem a cultura dos seus progenitores. Os filhos dos nativos como viveu num mundo que sabe todo a morango, e portanto naquela cabeça há de tudo menos uma noção do que é a vida real, são completamente afastados de qualquer noção de identidade e de individualidade, encontram nos novos "este pasíanos" uma forma de se afastarem do molde, esquecendo assim a sua cultura e abraçam uma à qual nunca pertencerão.
Quando nos apercebemos, o "este país" parece mais um país africano, com a economia num caos.
E no fim quando se fala de economia, vêm os politicos dizer:
" "Este país" não é meu o país."
Quando foram eles que apareceram no ínício do ciclo a destruir tudo à nascença.
Agora vamos ver o nosso país.
Este é o país a que pertenço, um país real, com pessoas reais, com problemas reais, que surgem de circunstâncias reais, é pena que alguns problemas surjam da ganância e preguiça de uma elite como no "este país".
Mas as pessoas estão tão concentradas nas suas vidas que esquecem estas coisas. O povo trata-se bem a ele próprio, com amor e com orgulho naquilo que são.
Trabalhar é visto como um requísito obrigatório para poder andar na rua de cabeça levantada, ao contrário do "este país" onde quanto menos se fizer melhor.
E mais importante que isto é o amor que as pessoas sentem em ser portuguesas, e no seu território delimitado. Estão cientes que podia ser melhor, mas dão graças a Deus por ter este cantinho à beira mal plantado.
Recomendação aos todo-sábios mas que em vez de dar respostas colocam perguntas desnecessárias: Venham ver o norte, vão ver o alentejo, vão ver o interior e os Açores já agora; e se no fim tiverem dúvidas quanto à vossa nacionalidade, uma coisa vos digo portuguesa não é de certeza.
Portugal não é lisboa, da mesma forma que o Porto não é o norte e que o Algarve não pertence a Portugal, assim como a Madeira.
Portugal está no vinho do verde, no ouro do alto minho, no frio das terras altas, nos enchidos de Trás-os-Montes, nos cantares alentejanos, nos barcos rebelos, no estudo de Coimbra, no vinho do Porto, e no fado de Lisboa. Mas mais que tudo nas pessoas, nos portugueses.
E devemos abraçar sempre novas pessoas na nossa cultura, não devemos impor-lhes a nossa cultura, mas mostrá-la a todos os cidadãos do mundo.
Meus senhores e minhas senhoras, venham ver e descobrir este meu país que tanto me orgulha.



Valete Frates

quinta-feira, novembro 23, 2006

Joy Division - Atmosphere


Não queria comentar este vídeo, mas como parece mal ter um video sem um texto em baixo gostava só de dizer uma coisa. Este clip prova tudo o que nós somos. Bem, mal; positivo, negativo...O ser humano em toda a sua plenitude com os seus defeitos e virtudes. É isto que nos torna humanos, a capacidade de gravitar pelos pólos sem nos perdermos em nenhum.
Valete Frates

domingo, novembro 19, 2006

Beleza Destruidora


Esqueçamos por momentos a desvastação, a morte, a destruição que estas coisas acarretam, para mostrar que o terrivel também é belo, uma situação plenamente dantesca em que horrível se funde com o belo. Todos temos um apetite pela destruição, pelo mal, alguns conseguem controlar esses instintos melhor que os outros. Mas o fundo todos conseguimos identificar a beleza nas coisas mais hediondas, se isto não fosse verdade não conseguiriamos olhar para nós próprios e para os outros. Temos que compreeender que estamos tão aptos para construir e criar como para destruir e mutilar. É esta a beleza do ser humano as suas ambiguidades, as suas valências, esta dualidade que é tão familiar a todos nós. Somos a luz e a escuridão, o génio e o maluco, o bem e o mal. Só para dizer que nunca nos podemos julgar melhores que ninguém pois somos tudo farinha do mesmo saco. A humildade sincera, ao admitir aquilo que somos é no fundo o que nos torna melhores que os outros.

sábado, novembro 18, 2006

Rain Dogs


Recentemente comecei a prestar mais atenção à maravilhosa obra de Tom Waits, mais concretamente ao álbum Rain Dogs. E estas duas palavras fizeram-me pensar...
O que seria um Rain Dog? A resposta estava lá.
Um cão quando anda à chuva fica perdido, sem orientação, perde o seu olfacto. Tom Waits aproveitando esta situação e definiu uma metáfora na qual cria um grupo ao qual chama Rain Dogs. E os Rain Dogs são aqueles que povoam as nossas ruas, que enchem os nossos bares, pessoas sem rumo e sem direcção que ao longo do caminho se perderam, estas são as pessoas ás quais a vida não sorriu, virou sempre a cara ao lado, todas as estradas que seguiram ao longo da vida eram todas em sentido contrário. Falo como é óbvio dos sem-abrigo, dos bêbados, dos solitários, das prostitutas, dos homens e mulheres que caminham sozinhos sem companhia e amor nas suas penosas vidas.
Ninguém consegue compreender a situação a não ser as pessoas que passam por isso. Podemos tentar imaginar, mas nunca saberemos na realidade o que se passa ali, que coisas já viram aqueles olhos.
Vamos tentar imaginar. Pensem que estam num negócio que pode mudar as vossas vidas, como sempre estes negócios exigem correr bastantes riscos e fazer muitos sacrificios. E agora pensem que um tipo que vocês julgavam ser vosso amigo vos atraiçoa, e tira-vos tudo o que tanto trabalharam para conseguir de um momento para o outro. Confiavam em mais alguma pessoa para o resto das vossas vidas?
E como seria acabar os vossos dias sem confiar em ninguém? Provavelmente refugiavam-se no alcóol, não?
Ou muito simplesmente pensem que desde do momento em que nasceram nunca tiveram um pedaço de chão que a vós vos pertence-se. Nunca possuiram algo que fosse vosso, nunca tomaram o gosto a comida bem confeccionada, e assim morreriam um dia sem provarem as coisas boas que a vida tem para oferecer, sem deixarem um legado que prepetua-se a vossa memória neste mundo que é de todos nós.
Pensem que que a única forma que têm para pagar as contas é vender o vosso corpo, sujeitos a todos os demónios que vos apareçam à frente.
Isto tudo para dizer que estes "fantasmas" que parecem andar por aí escondidos, têm rosto, e reflexo no espelho. São pessoas que por muito que tentemos fazer de conta que não existem, e por muito que as ignoremos, estaram sempre lá, a concentrar os nossos medos, a exorcizar os nossos demónios, e a avisar-nos que o Diabo anda aí, e eles sabem porque já o viram nos olhos, e se for preciso já comeram com ele, já riram com ele, e já dançaram com ele, até que ele mostrou a sua cara e mudou a sua vida para sempre. Todos nós estamos à mercê dele convém não esquecer.
Estes são os guardiões da noite, e esta a eles pertence é bom que nos lembremos disso. Todas as figuras abstrats que vivem também na noite eles já as conheceram a todas, e a sua sabedoria pode ser muito importante para nós.
Cabe-nos protegê-los durante o dia, e tirá-los das ruas à noite. Porque à um limite para a cabeça de cada pessoa, e ultrapassando esse limite, eles deixam de ser pessoas, e tornam-se fantasmas de realidade. Que nos interessa preocuparmo-nos se queremos comprar a camisola às ricas ou a camisola às bolinhas se à gente que nem um camisola tem para vestir?
Se nada temos para dar, temos sempre algo para ofercer. Um simples olhar de compaixão (por favor não confundir com pena) basta para eles conseguirem aguentar mais uns tempos. Não custa nada soltar um sorriso.
Acabo com uma frase de Tom Waits: "For I am a rain dog, too..."

Valete frates

segunda-feira, novembro 13, 2006

Cowboy Bebop


Os desenhos animados, são uma forma de arte sempre muito relacionada e considerada como infantil. Isto não só é mentira, como é uma falta de consideração pela arte.
Neste propósito o anime japonês destaca-se. Grrande parte do anime é um bocado palerma, aliás todo ele é um pouco palerma, mas a sua palermice ultrapassa isso, convertendo-se num estilo de humor muito próprio, como por exemplo o humor britânico....
Não sou um grande apreciador sou sincero, mas algumas séries são mesmo muito boas, e que são uma pena que não cheguem ao público geral. Uma dessas séries é o Cowboy Bebop...
Esta série já foi transmitida pelos 4 cantos do mundo, atingindo em todos eles no mínimo o estatuto de série de culto, chegando até em alguns locais a gozar de bastante fama.
Esta série torna-se mais do que desenhos animados, é uma série como qualquer outra representada por humanos. Tem uma história muito envolvente, personagens muito bem construidas e com histórias muito profundas, desenhos muito bem feitos...
Resumindo brevemente a história, trata-se de 2 caçadores de cabeças bem à moda dos westerns americanos, mas com uma ligeira diferença...a acção passa-se em 2071.
A diferença desta série para as outras do género, é que esta não entra num mundo completamente diferente, não vai para uma Terra pós V Guerra Universal. Tem alguma tecnologia, mas todos os locais que as personagens visitam, e a forma como se vestem e arranjam, tem todas as parecenças com as dos dias de hoje. Básicamente a série não entra no exagero. Tem o seu humor, mas não se perde nesse contexto.
Outra coisa muito interessante nesta série, são as suas influências. Principalmente a nível musical, onde entra no campo do jazz, dos blues, do rock, e a até da música brasileira fazendo tributo a grandes nomes. Suas personagens também foram inspiradas em pessoas muito interessantes, como Bruce Lee, Kareem Abdul-Jabbar, Tom Jobim entre outras...
Os seus episódios, são definidos como sessões, ao estilo do jazz com as suas jam sessions(jam sessions - altura em que os músicos se juntos para improvisar músicas), que se adequa perfeitamente à ideia da série.
Entretimento com qualidade, podemos definir a série assim. Á porcaria que dá na televisão é bom saber que ainda há coisas assim.
Para ver e desfrutar. Para aqueles que têm SIC Radical liguem às terças pelas 19h00, garanto que não vão dar o tempo por perdido.


Valete Frates

quinta-feira, novembro 09, 2006

I´m Rick James bitch!!!!!


O genial Dave Chapelle, com o espectacular Charlie Murphy (irmão de Eddie Murphy), e o falecido mas maravilhoso Rick James, cantor funk de temas como "Superfreak"... Este sketch foi eleito recentemente um dos melhores sketch´s de sempre...
Fuck your couch, NIGGA!!!

Valete Frates

terça-feira, novembro 07, 2006

O Amor é um lugar estranho, e por isso gostamos dele...


Participação especial da bela Scarlett Johansson para o blog. Cena retirada do espetacular filme de Sofia Copolla, esta foi a cena por mim eleita para demonstrar o momento, a troca de olhares em que os 2 protagonistas começam a ver o amor...
Lindo!!!e muito sexy a Scarlett com a cabeleira Rosa Choque!!!


Valete Frates

sábado, novembro 04, 2006

Anjo da Guarda


A nossa cabeça às vezes consegue transformar, toda a nossa percepção do mundo. Ás vezes acontece algo que muda completamente a nossa disposição.
Neste momento penso como a nossa vida é completamente inútil. A vida do ser humano, parece que é estúpida, sem sentido e direcção, apenas com um destino...o juízo final. Disso garanto nunca havemos de nos livrar.
Farto-me de ver os devaneios poéticos, que quando a vida não corre bem começam logo a pensar na morte. Sabem lá eles o que é a morte! Ninguém sabe.
Esse fatalismo é estúpido e insensivel. Vão dizer ás crianças que morrem todos os dias se elas acham que a vida não faz sentido. Vão dizer ás pessoas que só conheceram hospitais durante toda a sua vida se acham que o dinheiro vale mais que a vida.
Proponho aqui a seguinte sugestão. Toda a gente que um dia quiser morrer por amor, dinheiro, felicidade, política, e estúpidez, primeiro submetem-se a um exame psiquiátrico para ver se estão sanas ou não, e depois as que estiverem bem de saúde mental, apresentamos-las diante de um pelotão de fuzilamento, e acaba-se com a vida delas. Faz-se esse favor, mas depois na hora não à volta a dar-lhe. Quem tiver segundos pensamentos quanto à sua morte será na mesma executado.
Talvez assim consiguam compreender a angústia, a dor, o sofrimento, e tudo o que à adjacente à nossa morte.Talvez pensem no choro de quem perde uma pessoa querida.
O desespero de quem vê uma pessoa a perder a vida. Não à palavras para descrever. Talvez Torga tenha estado perto, tendo ele passado por situações desse género. Um dos únicos que falou da morte tal como ela é. Com pesar, com sentimento, não usando a morte como um eufemismo, como uma figura de estilo, como algo que se fal como de futebol e politíca.
O desespero humanista. Melhor forma de descrever o que sinto neste momento.
Estamos tão atulhados de merda neste mundo, que o cheiro está a tornar-se insuportavél. Espero que venha um dia uma enxurrada e nos limpe a superficie de toda a sua merda.
Nós fizemos mesmo muito mal a Deus para ele nos tratar assim.Não consigo conpreender o que fizemos, não está ao meu alcance, está além da minha compreensão; mas uma coisa garanto o seu castigo foi duro e pesado, portanto fizemos muito mal a Deus. Talvez por temos matado o filho dele... Não a sua alma, pois essa não consegue ser extinta. Matamos Jesus Cristo nos nossos corações! E cada dia que passa, mais gente o mata.
Sim, talvez por isso recebamos o seu castigo desta forma. Com demónios que povoam a Terra, e vão destruindo tudo á sua passagem.
Deus por favor responde, que mal te fizemos?
Eu cá já não consigo suportar este castigo. É forte demais para mim, mas uma coisa digo vou suportá-lo o melhor que sei e consigo, pois á gente tão inocente que sofre sem culpa nenhuma.
Porque castigas os inocentes Deus?
Desculpa por não conseguir compreender o teu plano grandioso, afinal sou apenas humano, mas porque castigas os inocentes e deixas em paz os pecadores,os tiranos, os ladrões...
O teu reino será nosso, está prometido por Ti! Mas que é feito do nosso reino?
O reino do homem, porque não é dirigido por homens? Tu colocas à frente do nosso reino não homens, mas animais sedentos pela imortalidade, pelo poder. Porque não pões os bem-aventurados que tanto falas?
Seremos assim tão fracos aos Teus olhos?
Pois, como sempre estas são as perguntas às quais Tu nunca respondeste.
Sendo assim tomo eu as rédeas. Serei eu o meu próprio Deus, e quando chegar a minha hora falaremos os dois. Não carregarei as cruzes dos outros, ensinarei-os a porem as cruzes de lado, e tentar protegê-los do mal que nos rodeia, do teu brilhante castigo.
Serei S. Miguel arcanjo, o anjo protector, o anjo da guarda. Talvez a mais brilhante figura de todo o reino dos céus. Pois é o único que se digna a proteger o ser humano.
Acredito no homem a partir de agora, pois pode ter muitas imperfeições, mas preocupa-se o outro igual, pelo menos algumas vezes.
E aqueles blasfémios, que continuaram a dizer que a vida não tem interesse apenas porque não lhes corre tudo de feição, faço desejos que a minha fúria se abata sobre eles. Talvez abram os olhos. Talvez vejam que dar, apenas porque um dia vão morrer. é o mesmo que assinar a sua passagem para o inferno que vem pela porta de trás. Esses peço-lhes que vejam os males que passam pelo mundo antes de se preocuparem com o lugar da sua campa no cemitério.


Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.

Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.

Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.



Miguel Torga



Valete Frates