Posso dizer que tive a felicidade de crescer quase sempre com o mesmo grupo de pessoas ao longo da minha adolescência. Um grupo de pessoas bastante diversas cada um com qualidades e defeitos que os tornavam não únicos, mas diferentes.
Mas alguns ficaram esquecidos ao ponto de eu já os cumprimentar na rua porque já nada tenho haver com eles. Foram pessoas que tomaram um rumo diferente desde de muito cedo e como isto foi numa altura pré-msn, pré-putos-de-12-anos-com-telemóveis e pré-morangos (sou mesmo um velhadas não sou?), as pessoas simplesmente perderam o contacto quase instantaneamente.
Todavia houve sempre um núcleo duro de colegas que foram mantendo ao longo dos anos. Com alguns desses cheguei a desenvolver fortes amizades, sendo que fomos ganhando alguma maturidade (muito pouca) juntos, partilhando ideias, experiências e as outras coisas normais para miúdos do secundário.
Depois veio a universidade e tudo descanbou. Fomos todos repartidos por várias universidades e localidades. Isto não tinha nada de mal, é a evolução natural das coisas, renovação da vida, mais experiências e vivências, e a distância seria uma barreira complicada, tirando o facto de todos continuarmos a morar na mesma terrinha minhota.
A distância sem dúvida que se criou mas não foi física como se esperava, foi emocional. De repente os momentos de convivência tornaram-se frios e distantes, medrosos e frívolos. É como se fossemos todos estranhos, como se ninguém se conhece-se. Temos receio de contar coisas que nos atormentam, segredos e medos. A confiança perdeu-se.
O novos amigos são muito mais interessantes, o pessoal da universidade é que é fora. Usam rastas, andam com t-shirt's do Che Guevara (ai, amado Che... reduzido a icone pop sem conteúdo...), fumam umas brocas, bebem até cair para o lado. Aliás as histórias de bebedeiras são do pior, são todas iguais e acabam sempre da mesma forma, com alguém a cair ou a vomitar as entranhas. Ó pá, não sou nenhum santo, eu também tenho as minhas, agora não faço delas um estandarte para todo o mundo saber quem eu sou.
Toda a gente passa a defender ideais diferentes, mas supreendentemente todos ocos e desprovidos de sentimento. Depois arranjam-se uns namoros, que normalmente são vistas como as melhores pessoas do mundo que no fundo, alguns, são umas grandes bestas,e...pronto acaba-se o curso e está na hora de se casar. Bora lá parir um par de pequenos e programá-los para se comportarem da mesma forma insensivel e deslocada do mundo que nós.
Eu sei, estou sempre a bater no mesmo, mas a verdade é essa. Nós os "jovens", perdemos o romantismo, o idealismo de ser jovem. Olhei em vossa volta e depois venham-me dizer o contrário. Se amigos conseguem tratar-se tão friamente e preocupar-se tão pouco uns com os outros, então é porque somos velhos ainda antes de sermos novos. Vamos morrendo por dentro cedo demais.
Valete Frates
2 comentários:
Não acho que nos tornamos velhos, simplesmente evoluímos, mudamos... e ao mudar deixamos de nos identificar com determinadas pessoas, com determinados padrões.
Engraçado este texto, este fim de semana encontrei me com duas amigas do tempo do básico, que foram bastante importantes para mim. Elas não me falaram, olharam me como uma estranha, mas eu senti a necessidade de falar, de saber o que têm andado a fazer, como íam as vidas delas, e tivemos uma amena conversa que parecia de pessoas que se tinham acabado de conhecer. É isto que acontece, com o afastamento, os amigos tornam se estranhos. é um processo natural.
Pelo menos eu assim vejo...
Bjokas ;)
Compreendo o que queres dizer. Esse processo natural a que te referes é o que eu vejo como envelhecimento. Todavia para mim isso significa o não se importar, o não ligar, o preocupação exculsiva com eu desleixando o olhar daqueles que outrora eram grandes comparsas.
Quando duas pessoas se conhecem desde à muito não se deve criar um fosso quando se reveem, mas sim aparecer um certo interesse sincero por aquilo que ambos andaram a fazer durante todo o tempo em que estiveram separados. Aí 80% das vezes as pessoas simplesmente falam por falar, perguntam por perguntar.
Talvez seja eu que me preocupo demais (aliás, eu preocupo-me demais), mas talvez deseje um pouco mais de interesse da parte dos meus colegas por toda aquela geração de pessoas a que seremos sempre associados.
Mas esta é uma questão um pouco pessoal, não para contar mas para tentar fazer compreender às pessoas.
Obrigado pelo tem comentário como sempre, beijo.
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