sábado, fevereiro 14, 2009

O Spleen de Paris

O olhar de Charles Baudelaire nesta foto parece que me engole a alma, é algo de verdadeiramente tenebroso. Foi um dos percursores do modernismo, desenvolveu outros estilos como o gótico. Inspirou muitos outros artistas e escritores (T. S. Elliot, H. P. Lovecraft).
Queria partilhar, um pequeno poema em prosa deste senhor, retirado do livro "O Spleen de Paris". Penso que é um boa forma um pouco do nosso país também.

Um Gracioso

"Era a explosão do ano novo; um caos de lodo e de neve, cruzado por mil carruagens, cintilante de brinquedos e bombons, inquieto de ambições e desesperos, delírio oficial duma grande cidade feito para peturbar o cérebro do mais sólido misantropo.
No meio deste rumor e desta algazarra um burro trotava a bom trote, levando atrás um maltrapilho armado com um chicote.
Quando o burro ia a tornear o ângulo dum passeio, um belo senhor enluvado, envernizado, cruelmente engravatado e aprisionado num fato absolutamente novo, inclina-se cortesmente ante o humilde animal, e diz-lhe, tirando o chapéu:«Tenha V. Ex.ª um ano muito feliz!», depois volve-se para não sei que companheiros com um ar empertigado, como a pedir-lhes que juntassem a sua aprovação ao contentamento dele.
O burro não viu o gentil gracioso, e continuou a correr com diligência para onde o trabalho o chamava.
Então apoderou-se de mim um incomensurável rancor contra aquele magnífico imbecil, que me pareceu concentrar em si mesmo todo o espírito da França."

E como hoje é dia de S. Valentim queria partilhar uma das suas filosofias sobre o amor, esta retirada a wikipedia (abençoada wikipedia). Isto não quer dizer que partilhe a sua visão fatalista, mas é sem dúvida um pensamento curioso:

"There is an invincible taste for prostitution in the heart of man, from which comes his horror of solitude. He wants to be 'two'. The man of genius wants to be 'one'... It is this horror of solitude, the need to lose oneself in the external flesh, that man nobly calls 'the need to love'."

Valete Frates

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