sábado, novembro 04, 2006

Anjo da Guarda


A nossa cabeça às vezes consegue transformar, toda a nossa percepção do mundo. Ás vezes acontece algo que muda completamente a nossa disposição.
Neste momento penso como a nossa vida é completamente inútil. A vida do ser humano, parece que é estúpida, sem sentido e direcção, apenas com um destino...o juízo final. Disso garanto nunca havemos de nos livrar.
Farto-me de ver os devaneios poéticos, que quando a vida não corre bem começam logo a pensar na morte. Sabem lá eles o que é a morte! Ninguém sabe.
Esse fatalismo é estúpido e insensivel. Vão dizer ás crianças que morrem todos os dias se elas acham que a vida não faz sentido. Vão dizer ás pessoas que só conheceram hospitais durante toda a sua vida se acham que o dinheiro vale mais que a vida.
Proponho aqui a seguinte sugestão. Toda a gente que um dia quiser morrer por amor, dinheiro, felicidade, política, e estúpidez, primeiro submetem-se a um exame psiquiátrico para ver se estão sanas ou não, e depois as que estiverem bem de saúde mental, apresentamos-las diante de um pelotão de fuzilamento, e acaba-se com a vida delas. Faz-se esse favor, mas depois na hora não à volta a dar-lhe. Quem tiver segundos pensamentos quanto à sua morte será na mesma executado.
Talvez assim consiguam compreender a angústia, a dor, o sofrimento, e tudo o que à adjacente à nossa morte.Talvez pensem no choro de quem perde uma pessoa querida.
O desespero de quem vê uma pessoa a perder a vida. Não à palavras para descrever. Talvez Torga tenha estado perto, tendo ele passado por situações desse género. Um dos únicos que falou da morte tal como ela é. Com pesar, com sentimento, não usando a morte como um eufemismo, como uma figura de estilo, como algo que se fal como de futebol e politíca.
O desespero humanista. Melhor forma de descrever o que sinto neste momento.
Estamos tão atulhados de merda neste mundo, que o cheiro está a tornar-se insuportavél. Espero que venha um dia uma enxurrada e nos limpe a superficie de toda a sua merda.
Nós fizemos mesmo muito mal a Deus para ele nos tratar assim.Não consigo conpreender o que fizemos, não está ao meu alcance, está além da minha compreensão; mas uma coisa garanto o seu castigo foi duro e pesado, portanto fizemos muito mal a Deus. Talvez por temos matado o filho dele... Não a sua alma, pois essa não consegue ser extinta. Matamos Jesus Cristo nos nossos corações! E cada dia que passa, mais gente o mata.
Sim, talvez por isso recebamos o seu castigo desta forma. Com demónios que povoam a Terra, e vão destruindo tudo á sua passagem.
Deus por favor responde, que mal te fizemos?
Eu cá já não consigo suportar este castigo. É forte demais para mim, mas uma coisa digo vou suportá-lo o melhor que sei e consigo, pois á gente tão inocente que sofre sem culpa nenhuma.
Porque castigas os inocentes Deus?
Desculpa por não conseguir compreender o teu plano grandioso, afinal sou apenas humano, mas porque castigas os inocentes e deixas em paz os pecadores,os tiranos, os ladrões...
O teu reino será nosso, está prometido por Ti! Mas que é feito do nosso reino?
O reino do homem, porque não é dirigido por homens? Tu colocas à frente do nosso reino não homens, mas animais sedentos pela imortalidade, pelo poder. Porque não pões os bem-aventurados que tanto falas?
Seremos assim tão fracos aos Teus olhos?
Pois, como sempre estas são as perguntas às quais Tu nunca respondeste.
Sendo assim tomo eu as rédeas. Serei eu o meu próprio Deus, e quando chegar a minha hora falaremos os dois. Não carregarei as cruzes dos outros, ensinarei-os a porem as cruzes de lado, e tentar protegê-los do mal que nos rodeia, do teu brilhante castigo.
Serei S. Miguel arcanjo, o anjo protector, o anjo da guarda. Talvez a mais brilhante figura de todo o reino dos céus. Pois é o único que se digna a proteger o ser humano.
Acredito no homem a partir de agora, pois pode ter muitas imperfeições, mas preocupa-se o outro igual, pelo menos algumas vezes.
E aqueles blasfémios, que continuaram a dizer que a vida não tem interesse apenas porque não lhes corre tudo de feição, faço desejos que a minha fúria se abata sobre eles. Talvez abram os olhos. Talvez vejam que dar, apenas porque um dia vão morrer. é o mesmo que assinar a sua passagem para o inferno que vem pela porta de trás. Esses peço-lhes que vejam os males que passam pelo mundo antes de se preocuparem com o lugar da sua campa no cemitério.


Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.

Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.

Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.



Miguel Torga



Valete Frates

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