quarta-feira, janeiro 03, 2007

Bairro do Amor...


Este é o título de uma música do Jorge Palma. A letra fala-nos de um bairro imaginário onde viveu sonhadores, pessoas apaixonadas pelo amor, que depois se enchem de sonhos desfeitos.
A minha ideia é que hoje em dia vivemos todos neste Bairro do Amor, a diferença é que não existe amor nenhum. Não nos amamos porque gostamos, mas porque todos achamos que amor é a nossa única saída e vivemos para aquele momento em que vamos encontrar alguém.
Isto é uma causa perdida, isto é o que quando eramos pequenos viamos nos filmes da Disney. O único problema é que aquilo era fantasia, e esqueceram de nos avisar que na vida real as coisas não funcionam bem assim.
As mulheres cada vez mais acreditam num príncipe encantado, embora a maior parte das vezes não o admitam mas todas elas sonham que um dia vão encontram o homem ideal. O "tal".
Mas a culpa não é delas, a culpa é da sociedade. Neste caso podemos culpar exclusivamente a sociedade.
A sociedade diz-nos desde de pequenos que o amor é a melhor coisa que pode existir, mesmo quando não existe. E inserem essas coisas na nossa cabeça, essas ideias pré-definidas mesmo antes de sabermos o que é o amor. E depois da lavagem ao cérebro ser feita só é preciso alimentá-la ao longo da vida, exibindo filmes onde toda a gente se apaixona e acaba junta, exigindo-nos que todos os anos num dia espícifico ofereçamos algo à pessoa que gostamos, basicamente eles servem-se de nós para poderem fazer montes de dinheiro.
E quanto ao amor?
Nem vê-lo.
Dizem-nos que quem não ama não é normal, obrigam-nos quase a apaixonar por quem não queremos para mantermos a integridade da nossa pessoa.
O amor tornou-se numa obsessão, melhor o amor já é de si uma obsessão. Senão vejamos.
Pelas regras de amor mundialmente conhecidas, o amor é a entrega total ao ser amado, e vice-versa. É preocuparmo-nos constantemente com o outro, é pensarmos constantemente no outro, é querermos estar todo o tempo com o nosso amor. Quando isto é reciproco é considerado amor, quando não é considera-se obcessão, e as pessoas que assim são têm que ser doidas e o lugar delas é na cadeia.
Basicamente a obcessão e o amor são quase iguais, num caso é reciproco no outro não, todavia em ambos os casos o sentimento é igual, e o aperto no coração é o mesmo.
Pena que todos tenhamos que ter uma casa, um carro e dois miúdos para nos amarmos ao longo da vida, pois é assim que o verdadeiro amor desaparece.
A vida deve ser bem melhor no bairro do amor.

Valete Frates

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