segunda-feira, janeiro 15, 2007

O fiel amigo...


Lamúrias, tudo são lamúrias. Ás vezes também há alegria, mas normalmente são só lamúrias e sentimentos reprimidos.
O álcool, o tão badalado novo melhor amigo da juventude.
Deitando uma vista de olhos aos números daqui por 20 anos cerca de 65% da população adulta portuguesa vai ser dependente do álcool, pois está a começar a interiorizar-se a ideia de beber na nossa cultura.
Antigamente não é que não houvesse alcoolatras mas eles eram olhados como maus exemplos, como pessoas que se devia olhar como aquilo que não se devia ser. Mas eles tinham uma certa aura romântica de volta deles, fossem as suas cantorias, ou as suas conversas, ou os seus desgostos, toda a gente achava uma certa piada há figura do bêbado tão bem detalhada em centenas de anedotas.
Nos dias que correm essa personagem perdeu-se, e foi substituida pela demarcada e socialmente aceite figura do "jovem-que-apanha-a-puta-sempre-que-pode".
Ele não bebe para se divertir (pelo menos a maior parte) bebe para se afirmar. Bebe porque vê os outros como ele a beber, bebe pois tem que beber mais que os outros, e bebe aquilo que todos os outros bebem que é a bebida da moda. Ora eu acredito numa ideia bastante simples que passo a explicar. A nossa bebida de eleição não é mais do que mais um traço da nossa personalidade, como outras coisas mais. Bebemos aquilo que mais combina com o nosso caractér. Se somos cheios de ternura escolhemos uma bebida doce, se formos mais duros escolhemos uma bebida mais composta, e todas as outras analogias que podemos retirar daí.
A canalhada não pensa assim, em primeiro lugar não sabe beber, e de seguida não sabe o que beber, e o pior disto tudo é que é na juventude que limamos a personalidade e criamos hábitos para seguir ao longo da vida, isto como é óbvio não é um bom pernúncio.
Sou adepto que cada pessoa em toda a sua vida deve apanhar uma borracheira até ficar mesmo ceguinho, pois aí fica a conhecer os seus limites e aprende o que é a vergonha. Todavia fazer disso um hábito semanal é criar um caminho de destruição que começará por afastar todos aqueles que gostam de nós, e culminará com a morte do artista. E normalmente quando o artista morre o filme é sempre uma tristeza de morte, por muito bom que o artista seja.
Em conclusão só deixar um último pensamento, da próxima vez que acharem que já beberam um bocado demais, em vez de acabarem o trabalho só para se congratularem no final, experimentem sentar-se um bocado e olhar para o horizonte, ou deitar na relva e olhar para as estrelas, ou dançar e cantar com os amigos no meio da rua, ou melhor ainda como com o álcool aos níveis de coragem aumentam para valores muito elevados vão à beira da pessoa que gostam e deitem tudo cá para fora, se ela gostar mesmo de vocês o resto da noite pode ser a melhor coisa que já tiveram nos últimos tempos. Tudo isto é melhor do que uma virilidade vã e oca.


Valete Frates

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