Se dissesse que esta é uma das bandas que mais influênciou a música no século XX, e a banda mais visionária de sempre, não teria a dizer nenhuma asneira.
Sem dúvida alguma os Pink Floyd são grandes, mesmo muito grandes.
Têm o segundo disco mais vendido de sempre (!!!) (Dark Side of the Moon), uma das discografias mais completas, um filme, e cerca de 200 milhões de discos vendidos.
Sem dúvida alguma os Pink Floyd são grandes, mesmo muito grandes.
Têm o segundo disco mais vendido de sempre (!!!) (Dark Side of the Moon), uma das discografias mais completas, um filme, e cerca de 200 milhões de discos vendidos.
No Live 8 em 2005, gelaram o coração de milhões de fãs pelo mundo fora, quando actuaram em conjunto quase 20 anos depois de Roger Waters ter saído, deixaram toda a gente a pensar numa reunião. Tal não se veio verificar, mas mesmo assim foi quase meia-hora, simplesmente mágica. Foi sem dúvida a melhor coisa em termos musicais que aconteceu nesse festival.
Vamos lá tentar contar a sua história feita de mais de 40 anos de muitos mitos e suposições, recheada de boas músicas, e onde o orgulho doentio não a deixa ter um final feliz.A banda foi formada por volta de 1964, na Universidade de Cambridge, por Roger Waters (Baixo), David Gilmour (Guitarra/Vocais), Nick Mason (Bateria), Rick Wright (Teclados) e o misterioso Syd Barret (Vocais).
Esta desde muito cedo começou a tocar ao vivo, em clubes e bares. Todos eles eram residentes em Cambridge, era no fundo uma banda composta por amigos, estudantes e com ideais esquerdistas, todos eles estudavam para ter uma carreira nas artes.
No ínicio a banda teria uma sonoridade virada para os blues. Isto cedo se viria a inverter quando Syd começou a escrever as suas letras, recheadas simbolismos e carregadas de LSD.
Todavia o som era bom e em 1967 sai The Piper at the gates of Dawn, exemplo número 1 da música psicadélica.
Foi um êxito. Pelo menos em Inglaterra onde esteve no top 10.
Mas a boa sorte abandonou-os a partir desse momento. Momento em que Syd começou a deteriorar-se.
(Syd Barret)
Syd havia-se tornado um dependente de LSD, a droga alucinogénica. Ora coisa boas sairam de "trips" de ácido por essa altura. Grandes nomes fizeram brilhantes canções sobre o efeito dessa substância como o Jim Morrison, Jimmi Hendrix que os Pink Floyd até acompanharam numa digressão, entre muitos mas mesmo muitos outros...
Ora obviamente que isto das drogas é um mundo tortuoso e de fácil perdição, para dar um exemplo ambos nomes referidos acima morreram com 30 anos(!!!), Syd está fora desse leque (morreu há pouco tempo com 60 anos), mas uma certa trip iria mudar a sua vida para sempre.
De um momento para o outro o seu comportamento começou a tornar-se ainda mais estranho,e misterioso, chegava atrasado aos ensaios e gravações, aparecia em público visivelmente exausto ou frenético e chateado...
Ora segundo consta, aqueles eram circulos que a banda não frequentava (hmm...não me parece...), e então os managers decidiram dizer que Syd teve um esgotamento nervoso e mandaram-no para umas férias em Espanha.
Quando Syd voltou, ouvia-se as histórias que ele tinha ido para lá dormir em cemitérios.
Ora a banda decidiu continuar sem ele, Gilmour começou a tomar conta dos vocais, e começaram a cantar as músicas que Syd escrevera, sem Syd para as cantar. Certa vez Syd apareceu a um clube mirando Gilmour enquanto este cantava as suas músicas. Consta que este episódio irritou bastante Gilmour.
Waters entretanto decidiu abandonar a universidade e dedicar-se de corpo e alma à banda. Foi ele que teve a coragem de afastar Syd Barrett de cena.
Após a saída de Syd Barret as rédeas da liderança passam para Roger Waters, que toma conta de direcção sonora do grupo, e compõe a maior parte das músicas.Ora obviamente que isto das drogas é um mundo tortuoso e de fácil perdição, para dar um exemplo ambos nomes referidos acima morreram com 30 anos(!!!), Syd está fora desse leque (morreu há pouco tempo com 60 anos), mas uma certa trip iria mudar a sua vida para sempre.
De um momento para o outro o seu comportamento começou a tornar-se ainda mais estranho,e misterioso, chegava atrasado aos ensaios e gravações, aparecia em público visivelmente exausto ou frenético e chateado...
Ora segundo consta, aqueles eram circulos que a banda não frequentava (hmm...não me parece...), e então os managers decidiram dizer que Syd teve um esgotamento nervoso e mandaram-no para umas férias em Espanha.
Quando Syd voltou, ouvia-se as histórias que ele tinha ido para lá dormir em cemitérios.
Ora a banda decidiu continuar sem ele, Gilmour começou a tomar conta dos vocais, e começaram a cantar as músicas que Syd escrevera, sem Syd para as cantar. Certa vez Syd apareceu a um clube mirando Gilmour enquanto este cantava as suas músicas. Consta que este episódio irritou bastante Gilmour.
Waters entretanto decidiu abandonar a universidade e dedicar-se de corpo e alma à banda. Foi ele que teve a coragem de afastar Syd Barrett de cena.
Em 1971 sai novo disco, uma preparação para a revolução musical que o próximo registo viria a causar.
Posto isto em 1973 sai um dos melhores discos de sempre, Dark Side of the Moon.
Uma das melhores experiências sonoras de sempre, com 10 músicas que podem mudar a vida de uma pessoa em cerca de 45 minutos.
Mas que tinha assim de tão especial?
Dark Side of the Moon, era o dito disco conceptual.
Mas que é isso?
Mas que é isso?
Um disco conceptual tal como o nome indica, é um disco criado para satisfazer um determinado conceito que o artista escolheu para escrever e compor. Basicamente todo o álbum advém de uma ideia base.
No caso dos Pink Floyd o tema escolhido foi a experiência humana, a vida, a sua e a dos outros. Grande parte das músicas eram introduzidas com sons bastante diferentes, como máquinas registadoras, pássaros, relógios de coluna...Tudo encaixa prefeitamente. Os temas descrevem situações supostamente dificeis com uma naturalidade impressionante. Por exemplo falando assim dos temas mais evidentes, a música Time fala sobre o envelhecimento, a perda de oportunidades durante a vida e o mau uso que damos ao pouco tempo que nos é dado nesta vida. A música Money é sobre temas como o materialismo, a ganância, das portas que o dinheiro abre, como ninguém consegue ser superior ao dinheiro. Brain Damage foi um tributo de Roger Waters a Syd Barrett (aliás após a saída de Syd, este tomou um lugar de destaque no lirismo de Waters), abordava coisas inóspitas como a doença mental, a loucura, o abandono...
Resumindo Dark Side of the Moon é algo que devia ser obrigatório qualquer ser humano ouvir, daquelas coisas que devia fazer parte do plano curricular da disciplina de inglês, ou de filosofia. É algo mesmo maravilhoso, é fechar os olhos e escutar. Escutar o mundo, a vida, a sociedade, o individuo. É impressionante o virtuosismo de Gilmour com a guitarra, os teclados a criar o ambiente, e toda aquela nuvem sonora, recheada de cheiros e lugares.
Num plano mais didáctico, e falando dos mitos de volta deste registo, consta que Dark Side of the Moon e o filme "Feiticeiro de Oz" fazem uma boa parelha. Segundo o mito se se colocar o disco a tocar a uma dada altura do início do filme, consegue-se que cerca de 100 falas coincidam. Fica a deixa para quem quiser experimentar.
Em 1975 sai Wish you were Here, cujo tema homónimo ainda mexe nos dias de hoje pelas rádios. Embora muitos pensem que é uma canção de amor, Waters escreve mais uma vez sobre Syd (acho que foi o pesar de consciência), temas como a solidão e ausência de amigos são a verdadeira essência da canção segundo Waters.Resumindo Dark Side of the Moon é algo que devia ser obrigatório qualquer ser humano ouvir, daquelas coisas que devia fazer parte do plano curricular da disciplina de inglês, ou de filosofia. É algo mesmo maravilhoso, é fechar os olhos e escutar. Escutar o mundo, a vida, a sociedade, o individuo. É impressionante o virtuosismo de Gilmour com a guitarra, os teclados a criar o ambiente, e toda aquela nuvem sonora, recheada de cheiros e lugares.
Num plano mais didáctico, e falando dos mitos de volta deste registo, consta que Dark Side of the Moon e o filme "Feiticeiro de Oz" fazem uma boa parelha. Segundo o mito se se colocar o disco a tocar a uma dada altura do início do filme, consegue-se que cerca de 100 falas coincidam. Fica a deixa para quem quiser experimentar.
Outros discos muito bons sairam, mas há mais um do qual sou obrigado a falar, The Wall.
Escrito para ser a banda sonora de um filme com o mesmo nome, é a visão de Waters que está exposta. No fundo acaba por ser um disco de Roger Waters intrepertado pelos Pink Floyd. O filme também foi escrito por Waters, e para qual estava previsto ele ser o actor principal, mas que na realidade foi o amigo da banda Bob Geldof (o senhor que organizou os Live Aid e 8), coisa que não foi muito do agrado do Sr. Waters. Ora se o filme não é para qualquer um, já o disco é bastante explícito. Ele é politico, freundiano, insano...
Crítica abertamente o sistema educacional inglês (que anos mais tarde foi importado para Portugal), dizendo que diminuiu a individualidade dos alunos ingleses, conformando-os a moldes e negando-lhes a oportunidade de ser criativos, esta tomada de posição causou bastante polémica na Inglaterra da "Dama de Ferro", Margaret Tatcher.
Num plano psicanalítico, com a canção Mother, conta a história de um rapaz cujo amor materno, chega a ser sufocante, transformando o rapaz na vida adulta, uma pessoa incapaz de ligar com os problemas que lhe aparecem.
Crítica abertamente o sistema educacional inglês (que anos mais tarde foi importado para Portugal), dizendo que diminuiu a individualidade dos alunos ingleses, conformando-os a moldes e negando-lhes a oportunidade de ser criativos, esta tomada de posição causou bastante polémica na Inglaterra da "Dama de Ferro", Margaret Tatcher.
Num plano psicanalítico, com a canção Mother, conta a história de um rapaz cujo amor materno, chega a ser sufocante, transformando o rapaz na vida adulta, uma pessoa incapaz de ligar com os problemas que lhe aparecem.
No caso da insanidade, tema que mais uma vez tem um lugar guardado no disco, Roger Waters conta-nos uma história que lhe aconteceu na realidade, essa história está em Confortably Numb, onde ele partilha uma situação que lhe aconteceu nas vésperas de um concerto, em que ele estava doente e mesmo assim os médicos, acessores, managers, etc, o drogaram para que ele pode-se levar acabo o concerto, para que este não fosse cancelado.
O tema chave desta vez é a solidão e o isolamento. Aliás para melhor contextualização do disco, o filme pode ajudar.
No filme a personagem principal, vai criando um muro à sua volta, que representa o seu afastamento emocional das pessoas (para mais informações ver um dos meus primeiros posts).
Escrito mais este brilhante capítulo da história da banda, esta lança mais um disco The Final Cut, dá-se na realidade o corte final. Roger Waters lider e principal compositor da banda abandona a mesma. E apartir daqui é que as coisas começaram azedar.O tema chave desta vez é a solidão e o isolamento. Aliás para melhor contextualização do disco, o filme pode ajudar.
No filme a personagem principal, vai criando um muro à sua volta, que representa o seu afastamento emocional das pessoas (para mais informações ver um dos meus primeiros posts).
Veio o rancor, ciúme, os insultos, lutas judiciais e um enorme diferendo entre David Gilmour (novo lider) e Roger Waters.
Ambos começam a tentar sabotar as carreiras um do outro, criticando a forma de tocar, desafiando-se publicamente com Gilmour a pegar no porco balão (adereço sempre usado por Waters) e colocando-lhe um par de testículos.
No fundo nenhum podia viver sem o outro. David Gilmour precisava do idealismo e brilhante capacidade de escrita de Waters, Roger Waters precisava da maravilha sónica da banda, para contextualizar as suas ideias.
Tudo isto se foi passando durante anos, até deixar de existir qualquer respeito e consideração entre os elementos.
Em 2005 Bob Geldof liga a David Gilmour e pergunta se a banda não quereria juntar para o Live 8. David diz que não. Dias depois Roger liga a David e diz para se colocarem as diferenças de lado, que o objectivo da reunião é mais importante que as suas diferenças. Gilmour aceita a ideia e o mais uma vez o inacreditavél acontece com a reunião da banda. Foi uma noite recheada de significado, a reunião de uma banda que tinha passado mais tempo separada do que a tocar junta. No momento da noite, em que Waters e Gilmour juntaram as vozes para cantarem Wish you were here. Tributo ao homem que os inspirou para se juntarem naquele momento. E para Waters?"O saldar de uma dívida antiga..."
Clara referência a Syd Barrett, o habitante das sombras da banda.
Em 2005 Bob Geldof liga a David Gilmour e pergunta se a banda não quereria juntar para o Live 8. David diz que não. Dias depois Roger liga a David e diz para se colocarem as diferenças de lado, que o objectivo da reunião é mais importante que as suas diferenças. Gilmour aceita a ideia e o mais uma vez o inacreditavél acontece com a reunião da banda. Foi uma noite recheada de significado, a reunião de uma banda que tinha passado mais tempo separada do que a tocar junta. No momento da noite, em que Waters e Gilmour juntaram as vozes para cantarem Wish you were here. Tributo ao homem que os inspirou para se juntarem naquele momento. E para Waters?"O saldar de uma dívida antiga..."
Clara referência a Syd Barrett, o habitante das sombras da banda.
(Syd Barrett pouco antes da sua morte)
Para terminar e porque a história de Syd Barrett é algo que não só merece ser contado, como deve ser contado, vou contar um pouco da sua história.
Para terminar e porque a história de Syd Barrett é algo que não só merece ser contado, como deve ser contado, vou contar um pouco da sua história.
Após o seu afastamento, Barrett ainda lançou 2 álbuns a solo em grande parte produzidos pelos seus antigos companheiros, principalmente Roger Waters e David Gilmour. Ambos fracassaram em termos de vendas, que apenas vieram provar o seu estado de fraca saúde mental. Apartir de 1975 qualquer elemento dos Pink Floyd deixou de ter contacto com Syd, uma vez que a sua família o proibiu de os ver, tendo em conta que ter notícias dos seus antigo colegas o tornava bastante nervoso. Todavia a banda continuava a mandar a parte dos direitos das músicas que Barrett tinha escrito.
Este mais tarde mudou-se para casa dos seus pais para ter alguém que no fundo toma-se conta dele. Dedicou-se novamente às artes, segundo a sua irmã depois fazia pinturas e quando as terminava destruía-as, dizendo que não havia necessidade de voltar a ver uma obra terminada. Quando não terminava as pinturas era porque fãs obcecados entravam no seu quintal e as roubavam, para as guardarem como objectos de culto.
Mais para o fim da sua vida Syd sofreu de diabetes tendo que lhe ser amputados alguns dedos, semanas antes da sua morte foi-lhe diagnosticado um cancro no pâncreas.
A 7 de Julho de 2006 Syd Barrett morreu, com um cancro no pâncreas e complicações com a sua diabetes. Por fim deixou morrer a sombra que estava à muito nas costas dos Pink Floyd, arrastando-se sem rumo, existindo no limbo.
Syd é a prova de que como podemos ser grandes ter um grande génio e mesmo assim deitar tudo a perder acabando por morrer sozinho.
Syd foi o génio que tinha tanto de sabedoria como de loucura. Conviveu no limiar da doença mental e da estranheza, mas infelizmente cedeu para o lado errado.
Ele foi no fundo o mais importante elemento dos Pink Floyd, deu o nome à banda, definiu o seu som, e foi a personificação de grande parte das letras da banda. Em tributo deixo a letra escrita por Roger Waters, que na minha opinião nunca se perdoou a si próprio por ter feito aquilo que tinha que ser feito na altura.
Brain Damage - Pink Floyd
The lunatic is on the grass
The lunatic is on the grass
Remembering games and daisy chains and laughs
Got to keep the loonies on the path
The lunatic is in the hall
The lunatics are in my hall
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more
And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forbodings too
I'll see you on the dark side of the moon
The lunatic is in my head
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me 'till I'm sane
You lock the door
And throw away the key
There's someone in my head but it's not me
And if the cloud bursts, thunder in your ear
You shout and no one seems to hear
And if the band youre in starts playing different tunes
I'll see you on the dark side of the moon
Valete Frates
P.S.:Peço um pouco de paciência para a leitura deste enorme texto, penso que deve valer a pena. Ainda muito ficou por contar.
P.S.2:É com a intensidade e crueza de letras como a de cima, que eu me sinto incrivelmente pequeno, e compreendido.
2 comentários:
Eu li e gostei.
Aleksandra, fico contente de teres gostado. Por favor, no futuro fica à vontade de comentar aquilo que te apetecer. Cumprimentos
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