domingo, maio 25, 2008

Foto #8


"I shot a man in Reno
Just to watch in die"

Johnny Cash - Folsom Prison Blues

Muito poder encerram estas palavras de Johnny Cash, inseridas numa balada de um prisioneiro arrependido. Ao ler estas palavras sinto-as cortarem através da pele e mexerem com a minha alma. Imagino como se devem ter sentido os homens prisioneiros, metidos na mesma prisão que na música, ao ouvirem estas palavras serem-lhes cantadas ao vivo pelo homem.
De resto Cash sempre teve uma especial compaixão por estes homens enjaulados, sendo que a sua vestimenta era uma forma de chamar atenção para isso mesmo.
Bem, no fundo somos todos prisioneiros não somos? Ou dão-nos a liberdade de expressão e de repente somos livres? Não devemos querer nada mais, porque não há mais nada?
A televisão diz-nos como devemos viver a nossa vida, em farras e alegorias constantes, recheadas de dramas e momentos "problemáticos".
Com filhos em colégios, condomínios fechados e casas na praia onde guardamos as nossas pranchas de surf. Só devemos falar com gente bonita e devemos ser rebeldes, porque ser rebelde é sexy. Como é óbvio, sabemos que qualquer relação amorosa envolve pelo menos 10 pessoas (ele, ela, o outro, a outra e os amigos deles todos...), e todas elas sabem como lidar com qualquer situação amorosa. Mas é claro que gostamos dos nossos pais, a televisão ensina-nos que temos que gostar deles, e falar a toda a gente o quanto maravilhosa e contrubada é a nossa relação com eles, todavia não passamos nenhum tempo com eles.
Bastante contraditórios estes tempos, em que somos aquilo que dizemos e em que ninguém faz nada para demonstrá-lo. Todos somos bonitos por dentro, de uma beleza imensa, mas as nossas acções exteriores são de uma miséria humana enorme.
"O que eu mais queria era a paz no mundo." Parecemos todos finalistas da Miss Universo. Hoje as palavras são tão superficiais como a pele. Tão ilusórias como as calças, os casacos, os carros, os penteados e as companhias. Quanto vale hoje uma palavra? Nada, zero, nicles... Mas mesmo assim as pessoas parecem levar muito a sério as suas próprias palavras, não reflectindo sequer naquilo que estão a dizer, falam sem pensar ou pior a pensar noutra coisa qualquer. Toda a gente se leva muito a sério. Toda a gente tem uma opinião a dar sobre tudo e mais alguma coisa, toda a gente tem razão, mas ninguém quer saber, ninguém se importa.
Todos partilhamos, somos amigos de toda a gente mas só quando a vida nos corre bem. Os nossos amigos são a melhor coisa que temos e os primeiros a falarem mal de nós, a criticarem as nossas escolhas, as nossas acções, a nossa vida, as nossas queixas, as nossas excentricidades e o pior é que dizem tudo pelas nossas costas.
Bem lá no fundo, a pergunta que vos quero fazer logo de início, é que estilo de vida querem para vocês? Viver neste mundo de fachadas, ter dois filhos, sorrir para o vizinho e levar a vida em "liberdade"? Ou lutar por algo melhor, lutar por lutar, provar que não somos tapados, provar que sabemos que estamos a ser fodidos e que não vamos aceitar? Será que querem dizer que são felizes, ou viverem a felicidade em todo o seu explendor?
Como o homem da música temos que ver o que fizemos, compreender o que somos, saber para onde vamos e se merecemos ser felizes.
Deixemo-nos de egoísmos e altruísmos disfarçados. Não são os momentos de prazer que levamos desta vida, muito pelo contrário. O que levamos desta vida (para além do rescaldo das nossas acções) é o que cá fica. São as pessoas que cuja vida tocamos, são as obras que fizemos, são os grandes feitos no fundo. Aquilo que nos permitirá sermos lembrados e recordados com saudade é tudo o que de significativo fizemos com a nossa vida, as grandes coisas que realizamos em prol dos nossos contemporâneos, e não os pequenos prazeres egoístas com que nos regalamos.
Esta é a minha opinão, mas é claro são "livres" de discordar.

Valete Frates

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